História de Nossa Senhora da Salette
La Salette
Doze aldeias pobres, perdidas entre os penhascos dos Alpes franceses, na divisa com a Itália, formam a “força” do pequeno município de La Salette, junto às montanhas de até 2.200 metros de altura, sempre cobertas de neve. Em 19 de setembro de 1846, entre escarpas, despenhadeiros e vales escuros, cerca de 600 famílias de agricultores sobrevivem ás epidemias e consequências de agricultura exauridas. Eram pessoas que viviam voltadas sobre si mesmas. A Visão de mundo era curta, tanto que nem se interessavam pela religião, a não ser umas mulheres idosas que “ assistiam” á missa. Os demais buscavam desabafo nos bares. É a esta gente rude, pobre, abandonada como “ovelhas perdidas” que a Mãe de Deus veio falar de esperança e vida.
Os Videntes
Deus fez maravilhas a parti do nada, da região e dos videntes. Do nada? Bem, ao menos de pouco, como eram o menino Maximino Giraud, de 11 anos, e a menina Melânia Calvat, de 13, pastorzinhos emprestados a outras famílias para sobreviverem com o cuidado de meia dúzia de vacas. Fazia apenas 2 dias que as crianças haviam se conhecidos. Na tarde do 2ºdia, a 19 de setembro de 1846, sobre a montanha da Salette – 1800 metros de altitude – um forte clarão as deixa assustadas. Um globo de luz á sua frente, no chão. Melânia grita: “Meu Deus, caiu o sol”. Abre-se o globo e aparece uma “Bela Senhora” vestida de camponesa, sentada sobre uma pedra, rosto entre as mãos, cotovelos sobre os joelhos e chorando. O menino interpreta: “Deve ser uma Mãe que apanhou e veio aqui chorar”. A “Bela Senhora” ergue-se e convida os pequenos a se aproximarem dela. E, de pé, sempre em prantos, com o crucifixo em destaque sobre o peito, donde pende um “ Jesus que parecia vivo e nele paravam as lágrimas dela”, transmite uma mensagem fortemente bíblica, sempre atual. Muito válida para nossos dias de hoje.
A mensagem
“Vinde meus filhos, não tenhais medo, aqui estou para vos contar uma grande novidade. Se meu povo não quer submeter-se, sou forçada a deixar cair o braço de meu filho. É tão forte e pesado que não posso mais sustentar. Há tanto tempo sofro por vós! Se quero que meu Filho não vos abandone, sou incumbida de suplicar-lhe sem cessar, e quando a vós, nem fazeis caso. Por mais que rezeis, por mais que façais, jamais podereis recompensar os cuidados que tenho por vós. Dei-vos seis dias para trabalhar. Reservei-me o sétimo, e nem estes quereis me conceder! É isso que torna tão pesado o braço de meu Filho! E também os carroceiros não sabem jurar sem usar o nome do meu Filho. São essas duas coisas que tornam tão pesado o braço do meu Filho! Se a colheita se estraga, é só por vossa causa. Eu vô-lo mostrei no ano passado com as batatinhas: vós nem fizestes caso! Ao Contrário, quando encontráveis batatinhas estragadas, praguerjáveis usando o nome de meu Filho. Elas continuarão assim, e para o Natal não haverá mais.
Não compreendeis meus filhos? Vou dizê-lo de outro modo. (A bela senhora tinha iniciado a fala em francês e a parti deste instante continua sua mensagem em dialeto). Se tiverdes trigo, não deveis semeá-los. Tudo o que semeardes será devorado pelos insetos, e o que produzir será transformado em pó ao ser malhado. Virá uma grande fome. Antes, porém, que a fome chegue, as crianças, menores de sete anos, serão acometidas de febre e morrerão nos braços das pessoas que a carregarem. Os outros farão as penitências pela fome. As nozes se estragarão, as uvas apodrecerão. (Aqui, a bela senhora fala em particular a cada um dos dois e de novo os dois juntos voltam a ouvir suas palavras). Se se converterem, as pedras e rochedos se transformarão em monte de trigo, e as batatinhas serão semeadas nos campos. Fazei bem a vossa oração, meus filhos? (- Não muito Senhora! - responderam as crianças). Ah! Meus filhos, é preciso fazê-las bem, á noite e de manhã, rezando ao menos um “Pai-Nosso” e uma “ Ave-Maria”. Quando puderdes fazer melhor, rezai mais. Durante o verão, só algumas mulheres idosas vão á missa, os outros trabalham no Domingo, durante todo o verão. Durante o inverno, quando não sabem o que fazer, só vão a missa para zombar da religião. Na quaresma, vão ao açougue como cães. Nunca vistes trigo estragado, meus filhos? (- Não senhora, responderam eles ). – mas tu, meu filho (A bela senhora fala para Maximino), tu deves tê-lo visto uma vez, em Coin, com o teu pai. O dono da roça disse ao teu pai que fosse ver o trigo dele se estragando. E, fostes até lá. Teu pai pegou duas ou três espigas entre as mãos, e esfregando-as, tudo virou pó. Ao voltardes, quando estáveis a meia hora de Corps, teu pai te deu um pedaço de pão dizendo: “Toma, meu filho, come este pão neste ano ainda, pois não sei quem dele comerá no ano próximo, se o trigo continuar assim!”.
- Ah! Sim, Senhora, respondeu Maximino, agora me lembro. Há pouco tempo não lembrava disso.
(E a bela senhora conclui em francês)
- Pois bem, meus filhos, transmitam esta mensagem a todo meu povo! Vamos, meus filhos, transmitam esta mensagem a todo meu povo.
Repetindo isso, a Bela Senhora subiu, com as crianças, para o mais alto, foi se erguendo nos ares até sumir. “Deve ser uma santa”, disse Melânia. “ Se a gente soubesse disso, poderíamos ter pedido que nos levasse consigo”, concluiu Maximino.