A população da nossa Paróquia é formada na sua grande maioria por pessoas provenientes de outros estados do Brasil (do Nordeste, de Minas Gerais, entre outros). Pessoas trabalhadoras, honestas que aqui chegam em busca de melhores dias.
Nesta gigantesca cidade uma das dificuldades que encontram é a falta de moradia. Muitos começam pagando aluguel, mas como salário que recebem torna-se difícil de manter.
Em 1972 com a chegada do Padre Olívio foi criada a Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Padre Olívio foi organizando o trabalho e valorizando muito a organização popular. Depois chegou Padre Raimundo, vieram também os seminaristas saletinos morar aqui no bairro. Nesta época a Paróquia criou o CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS.
Com dificuldade em manter o preço dos aluguéis muita gente vinha conversar na Igreja Católica o problema da falta de moradia. No ano de 1983 essas pessoas começaram a ser cadastradas no salão da Igreja do Carmo. Aconteciam semanalmente as reuniões, as assembleias e assim nasceu na nossa Paróquia, o Movimento de Moradia.
Depois de muita reunião, de negociação, de grandes assembleias foi marcado o dia da ocupação da terra. Era uma área próxima a Igreja do Carmo, de propriedade da Santa Casa de Misericórdia.
Chegou o dia! 11 de fevereiro de 1984. Naquele noite histórica com tochas e instrumentos de trabalho todos saíram do salão da Igreja Católica e houve a OCUPAÇÃO da terra. Tudo tinha sido organizado antes. Na época houve uma discussão para que não fosse repassado lotes para comércio nem para as Igrejas. Ao Movimento deu-se o nome de FILHOS DA TERRA. Já se tinha a planta com a distribuição dos lotes. E aquela terra abandonada começou a ser povoada. Nossa Paróquia foi perseguida e alvo de muitas críticas, por ter organizado e apoiado o movimento.
Na área ocupada garantiu-se um espaço comunitário que depois passou a ser administrado pela associação dos moradores. O salão da Igreja Nossa Senhora do Carmo era o local das assembleias, a Casa dos Saletinos reunia-se sempre a Comissão do Movimento e na Sala dos Direitos Humanos da Paróquia toda parte de administração e negociação.
Com o passar do tempo os Moradores criaram a associação de moradores e começou a surgir pequenas casas comerciais e também Igrejas Evangélicas. Na parte da Avenida (parte de baixo) tinha sido assegurado um terreno e construiu-se depois a Comunidade Nossa Senhora da Salette. A na parte de cima, a Igreja Católica que iniciou e organizou o movimento ficou sem espaço para suas celebrações.
Aos domingos a comunidade se reunia para suas celebrações e pedia emprestado o espaço da associação. Era uma situação meio difícil. Tinha época que o espaço estava muito sujo porque tinha acontecido alguma festa ou atividade. Os nossos símbolos e material litúrgico tinha que ser guardado nas casas de algumas famílias.
Todo domingo a comunidade se reunia. Os estudantes de teologia dos saletinos acompanhavam a comunidade. Conforme a escala do mês tinha domingo que era a celebração da Palavra outros domingos a Celebração da Eucaristia.
Acontecia de chegarmos para celebração e encontrávamos sujeira e bebidas derramadas no piso. Chegamos a enfrentar a situação da presidente da associação que escondia a chave para que não houvesse a celebração. Fomos por várias vezes humilhados vimos a necessidade de comprar um terreno para ali ser construído a tão sonhada capela.
A comunidade até pensou de realizar uma consulta entre os moradores para que este espaço fosse administrado pela Igreja Católica. Para evitar um clima de divisão e discórdias, consideramos melhor ver a possibilidade da compra de uma casa. Todos se emprenharam em ficar atentos em ver algum imóvel que estava à venda e o seu valor.
Para isso era preciso encontrar um terreno ou casa para realizar o sonho da comunidade. Quando aparecia uma oportunidade de comprar uma área era muito caro e não tínhamos o dinheiro suficiente, pois os terrenos do bairro estavam todos bem valorizados.
Depois de muita busca e consultas, no dia 19 de Junho 2006, conseguimos encontrar uma casa que estava à venda. A comunidade vinha há tempo realizando pequenas campanhas, mas o valor que tínhamos não era ainda o suficiente. A outra parte para a compra da casa veio de uma benfeitora fez a doação, embora não quisesse se identificar.
Era uma casa simples, pequena, mas a comunidade estava satisfeita e feliz em ter o seu espaço próprio. Procuramos ir demolindo os espaços que caracterizavam uma casa de família para criar o espaço para as celebrações e encontros. Na parte superior fomos demolindo as paredes, refazendo o piso, improvisando para uma bênção de inauguração.
Havia na comunidade dois desejos: a capela ser dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, uma vez que a ocupação aconteceu no dia 11 de fevereiro. Outro grupo queria que o patrono fosse São Raimundo Nonato, para lembrar do Pe Raimundo Lipski, que na época da ocupação era responsável pela paróquia.
Na Igreja Matriz havia uma imagem muito bonita de Nossa Senhora de Lourdes, que havia sido restaurada naqueles meses. Foi combinado em ficar Nossa Senhora de Lourdes e que também colocasse no espaço celebrativo a imagem de S. Raimundo Nonato.
Depois desta pequena reforma e de uma pintura provisória, no dia 18 de Julho de 2002 o padre Edegard presidiu a bênção da nova capela e no dia 23 de Agosto do mesmo ano foi realizada a 1ª missa presidida pelo padre Francisco.
Desta forma, as duas comunidades do Jardim Filhos da Terra receberam os títulos de Nossa Senhora da Salette, a parte de baixo e Nossa Senhora de Lourdes a parte de cima.
No segundo semestre de 2006, Pe Luciano assumiu a Coordenação da Paróquia e não mediu esforços em apoiar a comunidade e encaminhar as reformas necessárias.
Todo o espaço da pequena casa foi reformado para melhor acolher todas as pessoas que se dirigem para as celebrações e catequese.
Neste bairro temos a alegria de contra com uma comunidade das Religiosas da Congregação da Divina Vontade. A presença delas não é apenas neste bairro, mas em outras atividades da Paróquia
A comunidade está organizada pastoralmente da seguinte maneira: Pastoral Catequética para a 1ª Eucaristia, Pastoral do Dízimo, Pastoral Litúrgica, Pastoral da Criança, Ministras da Eucaristia, Ministros da Palavra e a Celebração Eucarística.
Rua Cabo José Carlos, 4 - Jardim Filhos da Terra